terça-feira, 9 de outubro de 2012

SUPERTIÇÕES


*Hábitos e costumes tradicionais se transformaram com a nova tecnologia.
 Nas festas juninas de tempos atrás um costume muito usado era o “Correio Elegante”, ele era usado para se passar recados de amor, admiração e às vezes algum aviso. Hoje em dia podemos ver a todo o momento jovens portando seus celulares e... (Passando inúmeras mensagens, inclusive existindo códigos para isso, feitos com as letras e sinais do teclado:).

* As Capelas da Santa Cruz e a Festa da Santa Cruz ainda resistem aqui em SJC. A Festa da SC. foi utilizada pelos jesuítas para a catequese dos índios.   Encontramos diversos tipos de “Santa Cruz” espalhadas na região. O povo se utiliza dessas capelas para descartar imagens de santos e objetos religiosos. O Interessante é observar que algumas pessoas que se convertem para a religião protestante adquiriram o costume de depositar nestas Capelas as imagens que possuem. Aqui em SJC existem diversas dessas Capelas e a maioria dela em ruinas, porem algumas ainda estão “graciosamente preservadas” e nelas é realizada a “Festa da Santa Cruz” nos três de maio com apresentação de Moçambique.  Algumas foram construídas no local onde ocorreu uma morte trágica, outras simplesmente por devoção.
 Uma característica que constatei foi a de que se uma pessoa tem em sua propriedade uma Capela da Santa Cruz, e por algum motivo ela se vê impossibilitada de ir até a Capela por ser difícil o acesso eles transportam essa Capela (Tijolo, telhas etc.) para um novo local mais acessível.
* presente em muitas casas e estabelecimentos comerciais: “Vaso das 7 ervas”. Acreditam que as plantas que o compõe afastem o mau olhado. Colocado em frente às casas e estabelecimentos comerciais elas tem a propriedade de afastar o mau olhado. (arruda, manjericão, pimenteira, arruda, guiné, comigo ninguém pode, espada de são Jorge).
* O sal, o carvão, o alho, também são usados para afastar energias negativas.
* Algumas pessoas tem o costume de colocar num copo de agua um pedaço de carvão. O copo é colocado atrás de uma porta ou debaixo da cama. Quando o carvão afundar é porque ele absorveu alguma energia negativa de alguém.
* Não se deve acender velas dentro de casa, pois elas fazem os espíritos entrar. Caso acenda dentro de casa, deve se deixar a vela sempre num local bem alto, acima das “cabeças das pessoas”.

N. Sra das Candeias

Mestre Paizinho me contou que dia dois de fevereiro 02 /02 é dia de Nossa Senhora das Candeias.

Devemos desmontar o presépio no dia 2 de fevereiro pois nesse dia a N.Sra das Candeias passa para visita lo e caso não o encontre montado fica muito triste.Caso N. Sra passe e não encontre o presépio ela fica muito triste


 (informação de Fátima e Mestre Paizinho).


Interessante é que tambem nesta data se comemora Iemanja.

N. Sra das Candeias, ou N. SRa da Luz, ou N. Sra dos Navegantes. Nossa Senhora da Candelária.

OUTRO


A.A (Angelino) não gostava de muitas palavras, achava que as pessoas tinham que economizar, até nas palavras. 

L. me contou que seu marido A. dizia que era assim quando trabalhavam na fazenda:

Na fazenda junto com os filhos o S.R. Angelino ficava controlando o banho contra o carrapato do gado.

 Os filhos o ajudavam com o gado... Quando uma res acabava de ser banhada eles gritavam para o pai:

- manda o outro!

O S.R. Angelino parava todo o processo e dizia!

- Não precisa gastar este mundo de palavaras... Fale simplesmente OUTRO!

Os filhos para provocarem o pai repetiam...

- manda outro!

E o seu Angelim...

- eu já disse que não precisa usar este mundo de palavra... Somente OUTRO.

Os amigos mais tarde brincavam com o Afonso quando o encontravam na rua dizendo:

- outro!

Pe. Anchieta e o Bumba meu Boi


Cida  contou que o folguedo “Bumba meu Boi” foi escrito por Padre Anchieta:

- Anchieta  para explicar aos índios o que era a  ressurreição fez esse teatro.

Ele atemorizava os indígenas com essas palavras:

- Não pequem porque senão vocês vão para o fogo do inferno e lá é um fogo que não acaba, nunca mais, sempre fogo!

ao que os índios respondiam:

- Nossa ! Mas que coisa boa, então não vamos ter de catar lenha!

O índio não tinha noção de pecado. Uma pureza ! Só caçar, pescar , criar os filhos, não tinham ganancia nem ambição, orgulho.

obs : Anchieta, usou estas alegorias  para fins religiosos, políticos, econômicos e sociais.

ROUBO DE LEITE - SUPERTIÇÃO



"Uma mulher menstruada não deve chegar perto de uma mulher que está amamentando para não lhe "roubar" o leite "
(Colhido em Campinas - Hospital da Unicamp - outubro 2012

terça-feira, 17 de julho de 2012

Índios e seus cães


Que o cachorro sempre foi um bom amigo do homem isso ninguém duvida.  Inúmeras são as demonstrações de amizade e fidelidade desses animais para conosco. Eu pessoalmente não sou, digo não era, uma apaixonada por cães. Na verdade sempre tive muito medo deles.
 Lembro de ir visitar minha tia. Eu morava num apartamento e minha tia morava em uma casa com um enorme cachorro. Lembro que ele era grande, “amarelo” e vivia na corrente. Lembro de reunir toda a minha coragem para passar a mão em sua cabeça e ele... Nhoc! Lascou uma “bocada” na minha perna. A mordida só não foi maior porque ele estava preso na corrente e eu estava usando uma grossa calça “LEE”.
Em outra ocasião minha prima teve uma de suas orelhas quase que decepada por um “cachorro amigo”.
 Cães sempre me assustaram.
Meu pai teve vários “cachorros de guarda” em sua oficina. Alguns deles acabaram indo para nossa casa... Mesmo assim eu nunca chegava muito perto deles... Queria distancia.
Quando eu era adolescente, uma amiga teve um cão “pequinês”. (Ainda existe essa raça?) Era uma fêmea e se chamava Bambina. Morreu em 1975 com suspeita de “raiva”.
 Ela foi a responsável por umas 80 pessoas irem diariamente, por longos 30 dias no hospital tomar injeções anti-rábicas. Eu não fui uma delas.
A Dra. Maria Tofani era a médica responsável pelo controle da raiva na ocasião e queria que eu tomasse a vacina, eu retrucava:
- eu só encostei nela uma única vez, e mesmo assim sem querer.
- Mas minha filha, você fez as unhas, retirou cutícula. Pode ter sido contaminada!
- Não, eu não vou passar 30 dias tomando injeções!
Decisão tomada passei 90 terríveis dias (acho que este era o tempo de incubação da raiva), pois depois de haver recusado a vacina e ver aquela multidão ser vacinada comecei a sentir medo. Um medo tão grande que num determinado dia tive uma crise de falta de ar que acreditei estar com a doença! Como diz o mineiro tive um baita “piti”.
Enfim, minhas experiências com cães não tinham sido boas!
Bem, isso até eu ter os meus filhos.
Tentei ludibria-los de todos os jeitos. Dizia a eles que morávamos em apartamento e não podíamos ter um cachorro, depois quando nos mudamos para uma casa comecei a comprar passarinhos, coelhos, hamster, periquitos...  
Todos esses animais passaram alguns dias em casa. O interesse das crianças por esses bichos acabava, o bicho fugia, ou era comido por algum gato.  Até que um dia eles ganharam dois pintinhos. Um deles morreu logo! Não deu tempo das crianças se apegarem a ele, mas o outro deu de crescer que era uma beleza!
 Eu olhava para aquela criatura cheia de penas e imaginava o que faria com aquele “ser” quando ficasse maior.
Definitivamente não havia espaço para um “frango” na minha vida.
E ele já não cabia dentro de casa. Sujava tudo, não era educado, começava a bater asas e soltar penas.
Resolvi coloca-lo no banheiro do jardineiro...
Péssima ideia! Esqueci de fechar a tampa do vaso!
Horas depois quando fui libertar o “frangote” no banheiro vi uma coisa branca boiando no vaso! Pernas para cima, inerte, todo molhado! O frango tinha se afogado no vaso sanitário.
 Me senti uma assassina!
Foi uma tragédia para meus filhos.  Foi o encontro deles com a “perda”.
Depois desta “tragédia” finalmente ficou resolvido que daríamos um cachorro para eles.
Na verdade, como meu aniversário estava próximo eles resolveram “graciosamente” me presentear com uma cachorra.
Agora temos 3 cães aqui em casa. Duas barulhentas e briguentas Duschaund e uma incansável Border Collie. Agora por onde vou os cachorros me seguem. Os “nossos” e o dos outros também.  Excetuando as raças ferozes, eu já não tenho medo deles. Gosto deles me preocupo com eles e me vejo levantando altas horas da madrugada para ver se estão agasalhados e alimentados. Meus filhos e meu marido que são “apaixonados” por cães ? Simplesmente dormem!
Mas o assunto é que mesmo hoje em dia  gostando de cães eu ainda não me acostumei com o excesso de cuidados que muitas pessoas têm com seus cães.
Para mim cão é cão. Pode ser amigo, fiel, alegre, manso, meigo... Mas é um cão.
Ontem conheci uma senhora que tem uns 40 cães em casa. Não consegue recusar nem “um”, pega todos os que ve abandonados ou que as pessoas abandonam em frente a sua casa. Ela está enfrentando vários processos por causa deles...
 Ela me contava sobre seus cães, os cuidados que dispensa para eles e eu simplesmente olhava para o seu rosto e me perguntava:
Por que! ? De onde vem essa paixão tão alucinante por cães!
Acho que Deus ouviu a minha pergunta, pois hoje ao abrir o livro de “São José dos Campos e sua História de Age Junior”, li um artigo referente aos usos e costumes dos nossos índios que me esclarece de onde vem toda essa paixão...
“o nativo estima tanto os seus cachorros que nos faz duvidar a quem tenham mais amor, se aos filhos ou a seus cães, ou talvez igualmente aos dois. Há muitas pessoas experientes que dizem que os índios, quando se desloca para fora da Aldeia, tendo algum cachorrinho, a filha ou a mulher dele o leva no colo, enquanto os seus filhos, embora pequeninos, que tenham paciência, têm que ir a pé. Até os índios já mansos e aldeados guardam esta preferencia pelos cães, por isso, quando comem, os tratam bem, sendo um bocado para o dono... e outro para o cachorro. Se a comida é pouca, a mulher e filhos que tenham paciência e jejuem, pois o cachorro tem na mesa do índio o segundo lugar abaixo do dono da casa...” (Revista de História e Geografia numero 7 ).
Ah bem... Agora entendi! 

O Homem que Lutou com o Lobisomem



Contaram-me que há 20 anos, o Sr Manoel estava com uma criança recém-nascida em sua casa lá na Vila Letônia.
Sua sobrinha estava morando com eles por uns dias.
No meio da noite ouviu um barulho na porta como se alguém quisesse entrar na casa. Começou a perguntar quem era, e ninguém lhe respondeu. Começou a desconfiar que fosse um cachorro, pela forma como andava, grunhia e arranhava a porta da casa.
Armou se de um pedaço de pau grosso e foi até a porta.
Abriu a porta e viu um enorme cachorro que imediatamente o atacou.
Ele com o pedaço de pau começou a se defender.   A luta foi grande. Manoel dava pauladas enquanto o “cachorro” tentava pular sobre ele. Em certo momento da luta o cachorro comeu um pedaço de seu dedo “anular”.
Sua esposa, atemorizada, assistia da porta a luta entre os dois.
Após um tempo de luta o cachorro foi embora uivando muito alto.
 Havia levado uma surra!
No dia seguinte, mais tranquilo e de curativo na mão, ele foi até o bar onde encontrou um homem que lhe disse assim:
- Olha, eu fui na tua casa ontem à noite e você quase me matou. Eu fui lá na tua casa para pegar a tua sobrinha.
O Sr Manoel então percebeu que o homem estava todo machucado e respondeu:
- Se você voltar lá eu vou te matar de verdade!
Quem me contou disse que não acredita, mas o fato aconteceu com o pai dele. Sua mãe também jurava que era verdade. De fato, o pai de quem me contou não tinha um pedaço do dedo e... Lá na Vila Letônia, todos sabiam quem era o Lobisomem e sabiam até que nome ele tinha: Toninho!!!!
(colhida por Doris em 17/07/2012 de A.Lima)

A LENDA DA MULHER CHORONA



Era uma vez... Uma mulher que tinha sete filhos e um marido alcóolatra.

Certo dia seu marido após beber muito  matou os sete filhos e em seguida se suicidou.

A mãe chorou muito. Nunca mais conseguiu parar de chorar a perda dos filhos.

Não suportando tanto sofrimento a pobre coitada também se suicida atirando se no rio.

Dizem que durante a noite, lá,  na Vila Letônia, às vezes, ela aparece... 

Quando ela aparece ouve se seu choro. Ouve se também outro barulho... Um estrondo:

- TRRRRAMMM ... TRRRAAAM ... TRRAAAMMM. 

È a tampa do caixão que vem seguindo a Mulher Chorona.

Se vocês se encontrarem ela lhe dirá:

- Cuidado! Eu não faço nada, mas quem vem atrás de mim faz!

Com certeza ela se refere ao marido que deve vir atrás dela... 


E o caixão? O que será que tem dentro do caixão ?

Não tenho nem ideia... Se voce souber me conte!


(obs: descobri que ela puxa o caixão com o corpo do marido pelas ruas)

(colhida por Dóris em 17/07/2012 de A.Lima)

quarta-feira, 11 de julho de 2012

O CAPITÃO E AS BATATAS (D. Lili na Revolução Constitucionalista)


D. Lili é mestre Figureira e tem muitas histórias interessantes para contar. Esta é uma delas:
A vida na fazenda do Sr. Nogueira era muito boa.  Muito fubá, abobora e...  Batatas!
A produção das batatas que o pai de Lili plantara naquele ano fora muito boa.
 Estavam colhendo tantas batatas que seu pai dissera:

- Vamos perder batatas!

Era tanta "batata" que os “camaradas” começaram a levar as batatas para darem para a “criação”.  Mesmo assim tinha muita batata.

Lili, então com seus 12 anos, resolveu fazer algo:

- eu montei uns pedaços de tijolos e fiz um fogão de 2 bocas, enchia de água e cozinhava as batatas. Coloquei 5 latas lá.  Você lembra-se das latas de banha com um porco verde desenhado nelas?

Um dia, eu estava cozinhando as batatas chegaram 5 soldados. Ficaram encostados no barranco me olhando cozinhar as batatas até que um deles me falou assim:

- Menina! O que você está cozinhando ai?

- Ah! Eu estou cozinhando batata para dar aos porcos.


- E a gente pode comer?

- Pode comer, sim! Isso aqui é limpo. Todo dia eu lavo a lata e ponho as batatas para cozinhar.

Pois eles comeram todas as batatas e em seguida deitaram no chão e começaram a dormir. Estavam mesmo muito cansados e agora com a barriga cheia, caíram no sono!

A partir desse dia, todos os dias chegavam novos soldados. Sempre morrendo de fome, muito cansados, cheirando a pólvora, sujos, cabelão desgrenhado, barba comprida, unha suja, descalços de pés no chão.

“Aí, porco nem comia mais nada! Berrava lá do chiqueiro porque quando você cozinha a batata ela cheira longe. Comecei a levar abóbora para eles.”

 Quando foi um dia, acho que numa sexta feira, passou um soldado bem grandão, ele era “Capitão” em Santa Catarina e era presidente da Congregação Mariana, lá!

 Passou lá, comeu as batatas e depois me falou:

- Filha, se não fosse você dar essa batata aqui para nós eu ia morrer de fome, porque eu não estou aguentando mais.
Olha o que eu estou comendo aqui! 
Você sabe que na minha casa, o meu cachorro, nunca comeu nem fubá nem batatas! Eu nunca digo que dessa água não bebo: quando que eu ia dizer que tinha que comer esse fubá com batatas?

E deitou se na grama e dormiu de tanta canseira!

E isso foi lá na Fazenda do Dr. Nogueira, em Taubaté...


(colhida por Dóris)

 * Revolução Constitucionalista de 1932, Revolução de 1932 ou Guerra Paulista, foi o movimento armado ocorrido no Estado de São Paulo, entre os meses de julho e outubro de 1932, que tinha por objetivo a derrubada do Governo Provisório de Getúlio Vargas e a promulgação de uma nova constituição para o Brasil (http://www.portalviva.com.br

terça-feira, 3 de julho de 2012

ANCHIETA E O BUMBA MEU BOI


Cida  contou que o folguedo “Bumba meu Boi” foi escrito por Padre Anchieta:
- Anchieta  para explicar aos índios o que era a  ressurreição fez esse teatro.
Ele atemorizava os indígenas com essas palavras:
- Não pequem porque senão vocês vão para o fogo do inferno e lá é um fogo que não acaba, nunca mais, sempre fogo!
Ao que os índios respondiam:
- Nossa ! Mas que coisa boa, então não vamos ter de catar lenha!
O índio não tinha noção de pecado. Uma pureza ! Só caçar, pescar , criar os filhos, não tinham ganancia, nem ambição, nem orgulho.

obs : Anchieta, usou estas alegorias  para fins religiosos, políticos, econômicos e sociais.

CIDADE X CAMPO


Hoje um amigo resolveu por a mão na massa. Plantaram a cana e hoje estão na colheita.
Preparam-se para fazer a tradicional “Taiada”. Com toda essa modernidade acompanho toda a função através de fotos via facebook se bem que a vontade era estar lá com eles.
Estão também preparando o café. O Fruto nas árvores, a colheita a torra e a moagem, tudo isso podemos ver, mas meus outros sentidos estão reclamando... Só o visual não basta! Preciso sentir o aroma, tocar o grão, ouvir o barulho e provar...
De qualquer forma participo desta função e isso é muito bom!
Pensei nas pessoas que nunca participaram destes momentos no campo. Bater uma manteiga, colher ovos, tratar a criação e me lembrei de um fato ocorrido com minha irmã mais nova... Ela achava que o leite saia pela boca da vaca! Estranhou quando viu de onde saia... mas ela ainda era criança! Às vezes ouço histórias que demonstram o quão urbanas estamos nos tornamos. Certa vez durante uma viagem ao interior, o pai junto com a filha de três anos viu à beira da estrada um desses restaurantes onde o proprietário  amarra uma vaquinha para tirar leite e servir para a criançada. Todo feliz o pai desce do carro e leva a filha para ver este “grande evento”.  A filha começou a observar e mais observava mais seus olhos se abriam impressionados... até que saiu com essa:
- pai! De onde sai à caixinha?
Seria muito bom se a história acabasse por ai...  Mas demorou alguns meses para que essa mesma criança voltasse a tomar leite! 

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Tradição



* “A tradição e o folclore estão no quintal da nossa casa e a gente não vê.”( Benê)


Sobre Lobisomens



* - “ Você sabe por que hoje em dia quase não tem mais lobisomem? È porque as mulheres tem menos filhos...” (Benê)

*Segundo a lenda o lobisomem é o 7o filho de uma família de 6 homens.

Reza para Chover de Mansinho



“Quando tiver nuvem pesada, não é qualquer chuvinha não, para se proteger
reze o “Pai Nosso” primeiro e depois essa oração:
“Ao ver Jesus a tempestade cessa.
Ao ver Jesus as lagrimas se vão.
Ele transforma sua vida,
iluminando a negra escuridão
Pode fazer e esperar com fé que as nuvens vão branqueando, vai subindo e subindo e se espalham. Daí vem a chuva, mas chuva mansa”
(Al. - de São Luis do Paraitinga)

Como Rezar


... quando você reza uma oração você tem de falar : Amém, Jesus, Graças a Deus!
Esse é o segredo da oração, entendeu?  Porque você esta oferecendo pra Deus. Agora se você falar só “ Amém” você  esta oferecendo para o mal, porque ele também fala Amém.  Agora se você fala “Amém Jesus, Graças a Deus” você esta oferecendo pra Jesus, que derramou o sangue dele na cruz por nós, e a Deus, o Pai dele que é o Criador de tudo.”

O Avô escravo.


“... O meu vô era escravo. Minha avó criou meu vô e casou com ele... Na senzala era assim: ficavam todos os pretos no mesmo lugar e ai para eles não passarem frio eles faziam uma fogueira no centro e dormia um assim abraçado com outro. Dava dó do meu vô! Meu vô sempre contava.”



Se existe esta na Net



“Eu não sei...mas minha prima viu . Entra na NET...  coisa de espiritismo ! Meu filho entrou... eu contei pra meu filho. Ai meu filho falou: mãe...  se ela existe esta na NET ...”

*Ela se  refere a incredulidade do filho em relação a “Mãe do Ouro”.



Sobre Faunos...



Entrevistei Maíra. O objetivo da entrevista era localizar um antigo túnel da região, porem conforme a entrevista transcorreu descobri que o mundo de Maíra era mágico, repleto de seres especiais. Abaixo trechos da entrevista.

Em determinado momento da entrevista Maíra nos pergunta: Com quem você  aprendeu Ciranda Cirandinha ? Ah ! Se você soubesse quem cantou pra mim essa musica a primeira vez quando eu tinha 5 anos e que  me ensinou a brincar de roda....aqueles bichinhos que tem pé de cabrito, tem dois chifrinhos e são peludinhos...juro! Quando eu tinha 5 anos eles iam na minha casa. Eles são chamados de faunos. Quando eu vi passar aquelas coisas sobre “ Nárnia” eu disse: nossa ! Eu vi eles quando eu era pequena. Eu disse pros meus filhos: eles brincavam comigo quando minha mãe ia pro serviço lá na Tecelagem e me deixava sozinha. Eles apareciam... eu via eles, e eles brincavam comigo. E precisa ver que belezinha que eles eram! Não tinha medo deles, mas depois que eu fui crescendo  e minha mãe brigava eu fiquei com medo. Eles brincavam comigo e me ensinaram “Ciranda Cirandinha”. Eu conversava normalmente com eles e sempre quando estava na hora da minha mãe voltar eles brincavam comigo. Não é só no “Nárnia”  que eles contam essa historia. Eu vi realmente os “faunos” quando eu tinha 5 anos.”



Somos Todos Piraquara

"Toda pessoa que chega em São José dos Campos, abre um chuveiro e toma uma ducha, está sendo “batizada” com a água do “Rio Paraíba do Sul”... e  neste momento ela vira um “Piraquara.” ( Elder Prata

Semana Santa em São José

"Eu me lembro... para a gente que era pequena, em São José dos Campos, a Semana Santa era uma eternidade.” (Fátima do Benê )

O Sumiço das Assombrações



Em minhas pesquisas costumo perguntar para as pessoas se elas conhecem historias de assombração, mula sem cabeça, lobisomem etc...  Certa vez obtive esta resposta :
“ antigamente tinha tudo isso aqui em São José dos Campos. Tinha corpo seco, mula sem cabeça e lobisomen.... mas depois que a luz elétrica chegou eles sumiram tudo”( relato de C.R.)

Mestre Paizinho


Ele é o Mestre  da “Companhia de Moçambique Unidos a São Benedito do Parque Bandeirantes de Taubaté”. Tradição herdada do avô há 65 anos e que era descendente de escravos. Durante a entrevista ele conquistou a todos com seu jeito simples e carismático e nos relatou os conselhos que recebeu de seu pai:
“ Filho, esteja você onde estiver, nunca deixe a vaidade ou a ambição falar acima daquilo que você não é, porque se você deixar isso acontecer então todo aquele ensinamento, a sua identidade, você vai estar jogando “pros lixos”. Então seja você mesmo, tanto numa escola rica ou numa escola simples.”
Num determinado ano o pai lhe disse que ele seria o Mestre da Companhia de Moçambique.
Mestre Paizinho disse ao pai que não daria certo ele cantar como Mestre porque iria ficar nervoso e “gaguejar”. O pai lhe respondeu: “Filho, basta cantar com o coração.” E então ele  nunca mais parou de cantar como Mestre.

sábado, 30 de junho de 2012

Antigamente...

Antigamente... antes da internet, da TV, do rádio, do gramophone, antes dos livros com gravuras coloridas o mundo devia ser muito silencioso.


Talvez por isso o povo cantava mais...


O canto quebrava o silencio... aquele silencio longo... doloroso ... de horas que não passam... se arrastam...silencio quebrado pelas badaladas dos sinos das igrejas, do trote dos cavalos, do barulho da criação... 


Hoje o mundo é muito barulhento e intrometido... a noticia entra dentro da casa da gente sem pedir desculpa e vai ocupando tudo...

Histórias de D. Lili - O Pauzinho Colorido



Quando D. Lili era mocinha e morava na fazenda o pai contratou uma professora para lhe dar aulas.


 Um dia enquanto estava tendo aula e os cadernos e lápis de cor estavam espalhados sobre a mesa, chegou um menino muito pobre que se sentou perto de onde D. Lili tinha a aula e ficou um bom tempo observando D. Lili e a professora.

Finalmente ao fim da aula ele se dirigiu em tom baixo, quase como a contar um segredo e disse para D. Lili:

- “quando você tiver um pauzinho desses,  que você não vai ocupar muito,  você me empresta?”

(ele não conhecia o “lápis de cor”,  e ficou encantado com aquele “pauzinho colorido”.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Eles riram? Agora, eles viram !


Noite muito fria de junho estamos saindo do Atelier do Grupo Piraquara no Parque da Cidade! Uma neblina repentina baixa sobre a cidade. O frio, à noite, o parque vazio, pouca luz e a neblina montaram o cenário perfeito para o Bene se lembrar de que os vigias tinham algumas histórias para me contar.M. e W. nos contam que o Parque tem seus fantasmas. Ele já os viu por diversas vezes. São vários. Não sabe o “porque” ou “para que” eles aparecem, mas o certo é que depois da meia noite estes seres surgem.Uma mulher de longos cabelos negros usando um longo vestido branco. Braços caídos, sempre descalça costuma aparecer após a meia noite. Sempre de perfil. Assim que é notada corre e some na escuridão. O guarda anterior foi embora...Uma noite, durante a ronda deu de cara com ela sentada na mureta do Museu... chorou... passou mal... não quis mais trabalhar ali... nunca mais voltou!Dizem que outro  “assíduo fantasma” é um grande cachorro preto.Certo dia W. tentou enxota- lo  até perceber que o tal cachorro não era ser desse mundo. O guarda correu para se esconder dentro de um dos galpões do parque.Um dia o M. dentro da sala de segurança vigiava o Parque enquanto seu amigo fazia a ronda.  Viu pelo monitor um Sr. bem alto, todo vestido de preto, usando um chapéu também preto. Este Sr. foi até o portão colocou a corrente no portão, enfiou o cadeado na corrente, mas não fechou o cadeado...M. assustado com aquele Sr. andando a noite no parque “passou um rádio” para avisar seu amigo a ir atrás dele e manda lo embora. O amigo procurou... procurou... e não encontrou ninguém. Na volta o amigo viu a corrente com o cadeado quase trancado e reclamou com o M.:- Você queria me prender lá fora?- Não fui eu... foi um homem vestido de preto!Uma noite dessas, altas horas, o B. passou um rádio para todos os vigias do parque procurarem por três crianças que ele estava vendo no monitor.  Pareciam estar perdidas!  Os guardas procuraram... procuraram... não acharam ninguém.Segundo o M., em São José existem outros locais repletos de fantasmas: o sanatório "Vicentina Aranha" é um deles.Altino Bondesan em seu livro “São José em Quatro Tempos” nos fala dos sanatórios assim:“Os sanatórios são ilhas de sofrimento, ou de esperança, onde vivem os filhos do infortúnio...”.“... episódios dolorosos de sofrimento não faltam...”.Quantas pessoas sofreram dentro daqueles prédios, quantos jovens passaram sua juventude sentados naquelas cadeiras de lona, angustiados, sem esperança, sem um familiar ao seu lado esperando a cura, nutrindo uma esperança que se esvanecia cada vez que via o seu colega de quarto morrer? Não é para menos que M. nos fala que após trabalhar no Vicentina Aranha como vigia por dois anos:- “tem cada coisa lá que é inacreditável!”Fazendo sua ronda ele ouvia as janelas do pavilhão principal bater. Pediu para o carpinteiro consertar. De fato durante o dia viu o carpinteiro pregar enormes pregos na janela para ela parar de bater, mas naquela mesma  noite voltou a ouvir... plác, plác, plác...Imediatamente pensou ser outra janela com o mesmo problema da que fora consertada naquele dia, porem ao chegar no local  percebe que é a mesma janela, novamente aberta, sem os enormes pregos colocados aquela tarde: plác, plác, plác! E se você for lá a noite com certeza ouvirá... plác, plác, plác ...Atualmente o Vicentina Aranha é um local aprazivel frequentado por muitas pessoas que gostam de fazer suas caminhadas entre suas belas árvores, e é porisso que todos nós conhecemos aquela pequena construção que parece uma Capela, localizada na saida da Avenida 9 de julho: o antigo necrotério, sempre fechado!De madrugada, depois da meia noite é certo ouvir barulhos estranhos lá dentro. Você ouve gemidos , pessoas , moveis que parecem estar sendo arrastados!Certa noite ele saiu decidido a descobrir o que eram aqueles barulhos.  Pegou a chave do necrotério, pôs no bolso e começou a ronda. Ao passar pelo pequeno necrotério novamente ouve os barulhos. Pega a chave, abre a porta, acende a luz e nada... absolutamente nada... nem bichos, ratos, aves, nada!  Nada há lá dentro que possa provocar estes sons! Apaga a luz, tranca a porta e... o barulho inicia novamente...Talvez existam pessoas mais propensas a ouvir e ver esses fantasmas.M. talvez seja um deles.Há mais ou menos um ano atrás, M. e seu cunhado perderam um grande amigo comum.Ainda era funcionário do “Vicentina Aranha” e estava na portaria assistindo TV. De repente aparece na sua frente seu amigo recentemente falecido. Este lhe dá um recado que deve ser transmitido ao cunhado. Assustado, assim que “o amigo falecido” desapareceu ele liga para o cunhado e passa o recado:- Oh cunhado, aquele nosso amigo falecido apareceu para mim e mandou te dizer que ele ficou te devendo algo e quer te pagar!O Cunhado após o choque inicial começou a pensar. Pensou, pensou e só então se lembrou de que o defunto  de fato lhe devia R$ 1.000,00 reais.Morto de medo o cunhado respondeu:- Arre! esquece... fala para ele que já está pago!(sabe se lá como seria essa transação, não acha?).Segundo W. alguns atores que ensaiam teatro nos palcos do Parque costumavam rir de casos assim. Não acreditaram nele quando ele disse ter visto o enorme vaso de jardim se arrastar pelo chão de um lado para o outro, até o dia que os atores ensaiavam uma apresentação. De repente vários deles viram uma estranha mulher surgida do nada que caminhava com os braços cruzados por sobre o tablado, indo e vindo, indo e vindo até que assim como veio ela sumiu! Todos ficaram assustados... e o W. concluiu :- “A gente falava para eles (os atores), eles riram! Agora? Eles viram!”.A neblina continua a baixar. Todos nós estranhamos a névoa cair tão rapidamente sobre a cidade. Mais que depressa resolvemos ir embora... e nesta noite a neblina foi muito densa em toda a cidade ...(Colhida em 28/7/2012) - Doris

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Pau de Saia



Você já ouviu falar em “Pau de Saia”?
Até uns 5 anos atrás  eu nunca tinha ouvido essa expressão e fiquei curiosa quando descobri um bairro com esse nome aqui em São José dos Campos: Bairro Pau de Saia.
Perguntei a diversos moradores do bairro o que significava aquele nome e ninguém soube me responder.
Até o dia que perguntei para a pessoa certa.
Ele me explicou que no tempo que por aqui passavam as tropas;  no tempo que os tropeiros atravessavam o vale com seus rebanhos  os “Pau de Saia”  eram muito uteis. Era debaixo do “Pau de Saia” que eles descansavam.
Você ainda não entendeu o que é o “Pau de Saia” ? È uma arvore frondosa com uma copa enorme.
O Pau de Saia era o local perfeito para um breve descanso. Ali podiam descansar do sol escaldante ou de uma chuva fininha.
E repare só nela... Ela de fato se parece com as saias que se usavam antigamente. Aquelas saias compridas e rodadas... Só que com um pau no meio.
O povo aqui da região a chama de “arvore da chuva”. Deve ser porque ela se parece com um grande guarda chuva aberto mas  para mim o nome mais correto agora é : Pau de Saia.
Cientificamente ela é conhecida pelo nome de: Samanea Saman.

Eu, por mim prefiro o nome dos antigos: Pau de Saia. E você?

Salmo 23 - Versão Caipira

" O Sinhô é meu pastô e nada há de me fartá!
Ele me faiz caminá pelos verde capinzá.
Ele tamém me leva pros corgos de água carma.
Inda que eu tenha qui andá nos buraco assombrados, lá pelas encruzinhada do capeta;
não careço tê medo di nada, a  modo di quê,Ele é mais forte que o "coisa ruim".
Ele sempre nos aprepara uma boa bóías na frente di tudo quanto é inimigo.
E é assim que um dia quando a gente tivé mais pra lá do qui prá cá, nóis vai morá no rancho do sinhô pra inté nunca mais se acabá. Ameim!

 PARA COMPARAR AQUI VAI O ORIGINAL!
SALMO 23
" O Senhor é meu pastor, nada me faltará.
Ele me faz repousar em pastos verdejantes. Leva me para junto das águas de descanso, refrigera  minha alma. Guia me pelas veredas da justiça por amor do seu nome.
Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo, o teu bordão e o teu cajado me consolam.
Preparas-me uma mesa na presença dos meus inimigos, unges me a cabeça com óleo, o meu cálice transborda.
Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida e habitarei na Casa do Senhor para todo o sempre. Amem!