Eu costumo dizer que a tradição não “some” com o tempo e o desenvolvimento da nossa civilização, ela simplesmente muda sua roupagem.
Isto não é uma opinião e sim um fato comprovado, pois todos sabem que os cristãos utilizaram as datas comemorativas dos romanos e substituíram por suas comemorações, mas no fundo o simbolismo é sempre o mesmo!
Um exemplo: Atualmente nós comemoramos no dia 25 de dezembro o nascimento de Jesus Cristo. É o nosso “Natal” e ele nos lembra do nascimento do menino Jesus, ou seja, a chegada da “luz no mundo”.
O Cristo nasce e traz “luz” para a humanidade.
Os antigos romanos tambem comemoravam nesta data o “sol invictus” (o sol vencedor) e eles absorveram este costume dos antigos Persas e Hindus.
Cientificamente falando, no hemisfério norte, no dia 21 de dezembro dá-se o Solsticio de inverno que é o menor dia do ano, o dia com menos “luz do sol”, e no dia 21 de julho temos o Solsticio de verão que é o maior dia do ano.
(Para nós aqui no Brasil que vivemos no hemisfério sul, tudo isso é ao contrário, mas nossas datas religiosas são regidas por costumes europeus, pois foram eles que colonizaram o Brasil).
Então simbolicamente falando, no dia 21 de dezembro as noites começam a ser menores e os dias maiores... Ou seja: as trevas que estavam vencendo a luz, a partir deste dia, começam a ser derrotadas pelo sol que começa a iluminar mais o mundo.
É a vitória do sol, da luz sobre as trevas: SOL INVICTUS! A chegada da “LUZ NO MUNDO”
Outra incorporação das festas dos antigos romanos na nossa tradição é o famoso dia da mentira: primeiro de abril. Até o começo do século XVI o Ano Novo era comemorado no dia 25 de março, dia da chegada da primavera. As festas do “ano novo” começavam no dia 25 de março e iam até o dia 1 de abril.
(Claro, naquele tempo eles não o chamavam assim, pois o calendário tinha nomes diferentes. Isto é uma correspondência que os cientistas comprovaram através dos movimentos da lua, solstícios e equinócios).
Em torno do final do século XVI o papa Gregório XIII adota um novo calendário, em substituição ao calendário usado até então em Roma que havia sido promulgado pelo líder romano “Júlio César” no século I AC e era conhecido como “calendário Juliano”. Este novo calendário é conhecido como “Calendário Gregoriano”.
Por convenção e praticidade o “calendário Gregoriano” acabou sendo adotado no mundo inteiro para marcar o ano civil. Assim, a partir do uso do calendário gregoriano, não mais 25 de março era o primeiro do ano e sim 01 de Janeiro.
Naquele tempo, o Rei Frances quase que imediatamente adotou o “Calendário Gregoriano” para marcar o ano civil na França, porem alguns franceses resistiram à mudança e continuaram a seguir o calendário Juliano, no qual as festas de ano novo iniciavam no dia 25 de março e ia atéo 1o de abril. Esses habitantes que resistiram a mudança do calendario, em tom de brincadeira, convidavam as pessoas para as festas de ano novo... Na verdade uma festa que não mais existia... Isto acabou virando uma brincadeira, uma piada, afinal uma ordem real não podia ser desobedecida. Essas brincadeiras ficaram conhecidas como “plaisanteries”. O dia da brincadeira... O dia de ano novo... De mentira.
Ainda na tradição popular e em algumas igrejas cristãs comemora se no dia 25 de março o dia da Anunciação do Anjo Gabriel a Nossa Senhora. É nesta data que o anjo avisa que ela será a mãe do Salvador, do portador da luz no mundo. Nossa Senhora aceita prontamente a ordem divina e por nossa lógica acreditamos que foi nesta noite que se deu a concepção de Cristo no ventre de sua mãe.
Assim, a tradição popular continua comemorando com festa seu “antigo ano novo”.
Acho mesmo que os “plaisanteries” acabaram vencendo o Rei Frances... Pelo menos com seu jeitinho...
E para nós católicos... Viva 25 de Março !