Perto do antigo arraial do Tejuco, atual Diamantina, existia uma aldeia dos índios botocudos.
Esses índios costumavam invadir o Arraial saqueando e dificultando os planos dos brancos de arrancarem os tesouros que existiam naquela terra.
Os índios veneravam uma enorme arvore que nascera perto da taba da tribo: a ACAIACA.
Diziam eles que num tempo muito remoto, tempo de seus ancestrais, o rio Jequitinhonha havia transbordado e inundado toda a terra matando todos os índios, e todas as árvores exceto a ACAIACA.
Somente um casal de índios sobreviveu porque eles conseguiram subir no alto da “Acaiaca” e quando eles desceram da árvore, foram capazes de repovoar a terra.
Por esse motivo os botocudos acreditavam que se um dia a ACAICA morresse a tribo também desapareceria.
Os portugueses do arraial esperavam somente uma oportunidade para derrubarem e queimarem aquela arvore sagrada dos índios.
A oportunidade apareceu no dia do casamento da filha do cacique, a formosa “Cajubi” com o bravo guerreiro “lepipo”.
Para celebrarem o casamento de Cajubi e Iepipo todos os índios se retiraram para as margens do Ipiacica e lá dançaram, festejaram e se embebedaram .
Os portugueses que estavam na espreita aproveitaram a situação e com golpes de machado derrubaram e depois atearam fogo na frondosa ACAIACA.
Quando os índios perceberam que sua sagrada árvore estava por terra se queimando em brasas ficaram desesperados pois sabiam que o seu fim estava próximo.
Naquela noite houve uma grande desavença na tribo. Os caciques e os grandes guerreiros começaram um grande luta onde quase toda a tribo pereceu e os poucos que sobreviveram se dispersaram na mata.
Iepipo estava entre os guerreiros mortos e Cajubi havia desaparecido com o coração cheio de ódio e desejo de vingança.
Nesta mesma noite uma terrível tempestade assolou o Arraial do Tejuco, destruindo casas, deslocando rochedos, arrancando árvores e deixando a todo o Arraial muito assustado.
Piracaçu, o velho pajé, ao ver sua tribo arrasada e destruída, foi até o local onde ainda ardia os restos da ACAIACA e cheio de ódio no coração mergulhou suas mãos entre as cinzas da Acaiaca e recolhendo suas cinzas e brasas se dirigiu para uma elevação do Arraial.
Lá do alto ele soltou as cinzas da ACAIACA ao vento enquanto com os olhos cheios de ódio e rancor lançou uma maldição:
- As cinzas da Acaiaca serão o terror e o castigo deste povo !
Dizem que quando as cinzas e o carvão tocavam o chão elas se transformavam em diamantes e com a enxurrada da chuva os diamantes formados pelas cinzas da Acaiaca eram levados para várias partes da região.
Dizem que é por causa disso que muitos males foram impostos ao Arraial.
Dizem também que Cajubi se transformou em uma onça que aparecia sempre para os tejuquenses dificultando os de recolher os diamantes.
Obs: cedro cetim, cedro rosa, cedro missioneiro ou acaica - (Cedrela fissilis Vell., entre outros nomes científicos. Nativa do Brasil pode atingir 30 m de altura.
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