sábado, 31 de agosto de 2013

UM POUCO DO CORPO SECO E DE MARIA PEREGRINA

Estavamos no cemitério Maria Peregrina no dia de Corphus Christi e uma senhora me contou :

- Minha mãe trabalhava na lavanderia do Vicentina Aranha

- Eu me lembro das Festas no Vicentina Aranha. Lembro das Festas de Corpus Christi. As freiras diziam: quanto mais gente melhor para trabalhar. Aumenta a produtividade para se fazer os tapetes da produção.

- A gente usava cedrinho, era linda a procissão!

- do Padre Rodolfo a gente sabe que ele andava na chuva e não se molhava. Ele veio se tratar de tuberculose em São José dos Campos. Era um Padre Santo mesmo e muitos alcançaram graças com ele. O Seu João Porto conviveu com ele.

- Meu pai ajudava o Dr. Estrepe a fazer autopsia nessa capela (Cemitério de Santana). Naquela época não tinha geladeira, então o corpo tinha bicho, mosca e aquele mau cheiro terrível!  Eles tinham de beber pinga para poder suportar o cheiro.

- Um dia ele estava exumando o corpo de um cadáver junto com seu companheiro que se chamava “Ceguinho”, (porque tinha os olhos meio fechado), foram desenterrar um defunto. Dizia que o corpo estava todinho seco e aí o amigo dele tirou o canivete e foi cortar e não conseguia... E o canivete rangia... Quuiiii quuiii quuiiii e não conseguia cortar.

- O corpo seco era devido à pessoa tomar remédio... O Corpo seco fica pelo mundo.
Meu pai se chamava “s. c. s.”. Ele dizia que tinha coragem de carregar o Corpo Seco nas costas...

- A Maria Peregrina eu conheci.
Minha tia morava ali perto onde ela residia debaixo de uma arvore que ela morava e ela tinha um saco dela com as coisas dela, a roupa tudo!  A gente criança tinha medo dela, sabe por quê? As crianças perseguiam ela, jogavam pedrada nela, né? Ela ficava brava com eles! Então a gente tinha medo de fazer alguma coisa na gente.
As pessoas ajudavam ela, davam alimento.
As crianças... Umas tinham medo, outras jogavam pedra nela. Os meninos principalmente.
Ela não mexia com ninguém, sabe...
As pessoas falavam para ela... De dar lugar para ela ficar. Ela dizia que tinha de morar debaixo de uma arvore para pagar a promessa pra mãe dela se salvar.
Porque a mãe dela fez não sei o que lá...
Ela dizia: Eu tive essa sina de pagar os pecados da minha mãe para ela não ir para o inferno.
As pessoas queriam acolher ela, dar um cantinho... Mas ela não queria!

É uma reviravolta...  Você se vê adulta, vem no cemitério com os filhos e vê o tumulo dela sendo estudado por jovens...


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